A S3 Gestão em Saúde está engajada na campanha Julho Amarelo! Durante todo mês, unidades de saúde administradas pela instituição estão realizando ações de conscientização sobre os cuidados, prevenção e combate às hepatites virais.
As infecções podem ser de cinco tipos: A, B, C, D e E. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o impacto das hepatites virais provoca cerca de 1,4 milhões de mortes anuais em todo o mundo, sendo um grave problema de saúde pública para o Brasil e outros países.
Conversamos o Dr. Antônio Ricardo, hepatologista do Serviço Municipal da Atenção Especializada à Saúde (SEMAE) Liberdade, localizado no Multicentro Liberdade, em Salvador (BA), sobre o assunto, formas de prevenção e tratamento. Confira a entrevista abaixo!
1. O que é a hepatite?
Hepatite é toda e qualquer inflamação no fígado. A doença pode ser ocasionada por fatores como álcool, medicamentos, gordura no fígado, por vírus. Aqui no SEMAE, devido à especificidade do serviço, tratamos das hepatites virais.
2. Quais os tipos de hepatites virais mas comuns no Brasil?
As hepatites virais mais comuns aqui no Brasil são a hepatite A, hepatite B e hepatite C.
3. Como a pessoa contrai a doença? Como é feita a transmissão?
A transmissão é variada. Da hepatite A, por meio de alimentos contaminados, então depende da condição sanitária, se há esgoto, de alimentos, mão suja na boca. Já a hepatite B, a maioria dos casos, é por transmissão sexual. E a hepatite C, assim como pode ser também na hepatite B, acontece por transmissão sanguínea. Então, é por meio de objetos perfuro-cortantes, como barbeadores, instrumentos de fazer a unha, entre outros.
4. Quais são os sintomas das hepatites virais?
Podemos subdividir as hepatites virais em dois tipos. Temos aqueles casos de apresentação aguda, onde a pessoa vai apresentar o olho amarelo - tecnicamente chamamos de icterícia -, urina bem escura e fezes esbranquiçadas. Essa condição da hepatite aguda é de fácil identificação, as pessoas conhecem e procuram atendimento médico. Temos uma preocupação maior quando a hepatite não apresenta sintoma algum e é esse tipo de hepatite que pode evoluir para a cirrose, por exemplo.
5. Como detectar, então, quando não apresenta sintoma?
Esse tipo de hepatite silenciosa se detecta pela sorologia, ou por um teste rápido - que é disponibilizado no sistema público, em todo centro de saúde, inclusive no nosso -, e por meio de alterações nos exames do fígado, como TGO e TGP.
Ao detectar a doença, é importante que a pessoa procure um atendimento médico. Existem alguns centros especializados em hepatite em Salvador, como o nosso, onde averiguamos a doença e realizamos todo o tratamento.
6. Existe tratamento disponível no SUS?
Para a hepatite aguda, no geral, fazemos o acompanhamento mesmo. Não precisa de medicação, ela cura sozinha. Para as hepatites crônicas, existe uma série de medicamentos e a rede pública é a única detentora desses medicamentos, ou seja, não existe tratamento particular para as hepatites B e C. É tudo SUS, tudo disponível e de fácil acesso. O nosso centro é um dos que encaminha esse tratamento e faz esse acompanhamento de maneira acessível e disponível para toda a população.
7. Essa doença pode matar ou tem cura? E quais são as formas de prevenção?
A hepatite aguda, normalmente, é autolimitada, como as doenças virais de uma forma geral, como a gripe. Já a hepatite silenciosa, que chamamos de crônica, essa pode evoluir para a cirrose e, aí, tem uma mortalidade elevada, inclusive com evolução para câncer de fígado. Isso que precisamos evitar. Como as hepatites que cronificam são aquelas de transmissão sexual ou por contato sanguíneo, é fundamental usar o seu próprio aparelho de barbear ou o seu próprio kit de fazer unha, e evitar o contato com o sangue de outras pessoas. Essas são maneiras de evitar a contaminação das hepatites B e C, além do uso de proteção sexual e da própria vacina contra a hepatite B, que são condições para evitar o contágio da hepatite B.
Dr. Antônio Ricardo é hepatologista do SEMAE, no Multicentro Liberdade, em Salvador (BA)